minding the gap

Cavocando meu laptop em busca de algo que jah esqueci, encontrei esse texto do verao de 2005, quando vinha de Amsterdam para Londres num gigantesco ferry boat. Achei engracado:

Cafona mesmo sao essas luzes de bordel piscando na frente dos teloes fazendo tipo de boate a luz do dia, onde jah se viu. Brega pra caralho. As vezes da um clipe meia boca, mas agora ta dando uma remessa de museu e o pior eh que nenhum presta. Se ainda fosse velho mas clássico, ainda vai, mas velho ruim não serve. A trégua veio num coldplay. As imagens se intercalam com outras besteiras, uma gurizada brinca com ovinhos kinder enquanto que os ditos adultos tomam suas ale beers recostados nas poltronas com acabamento de couro recheado de almofada. Duas loirinhas patéticas de brinco argolão e calca jeans enfiada compraram ate umas bacardi breezer e fumam. Na frente do telão. Já foram e voltaram umas três vezes. Mulher eh foda, eu acho.
Nem sei direito se não queria um cigarrinho também, ih, não era. Falta do que fazer, falta de companhia, falta de fome, boca seca e não da vontade de comer nada mesmo com esse balanço. A culpa não eh do balanço, sei muito bem que eh o meu estomago ta sacolejando muito mais do que o ferry. Na verdade o ferry mal se mexe. Deu um nozinho na barriga bem como eu tenho de vez e quando, uma azia assim ardida. Quero voltar e não quero, olho o Mano Chau e quero estar la no meio pulando, olho o Lenny Kravitz e quero estar lah no meio pulando, não vejo a hora de sair, por mim jah saia hoje mesmo, fumava e bebia. Penso que tudo isso seria um a fuga da vidinha monótona, muito chata, ridícula mesmo que vou ter que encarar, trabalhando. Mas a gente não trabalha justamente pra ter a grana pra curtir? Não eh pra isso que a gente trabalha? Pra gastar a grana na noite, na festa, na jaquetinha jeans? A gente não trabalha feito uma mula pra comprar a ceva, esquecer de tudo e encarar a ressaca? Ou vai me dizer outra coisa. Tah, nao eh soh isso. Queria mesmo era estar na rede lah de Atlântida na varanda da vo comendo uma ameixa preta toda melequenta de biquíni e com areia nos pés, ai que delicia. Imagina so era estar agora em Ibiza de novo, deitada de bruços molhada do mar de topless de papo com gente interessante. E agora eh noite eu to sentada no cais de perna de índio e saião sentindo a pele quente cheirosa de creme. Quase me sinto bonita. Mentira, quase nada. Me sinto linda e bronzeada. Tudo aquilo que falam que mulher bonita eh a mulher feliz eh verdade. Daí passa uns colírios de olho que tu não acredita, daí rola o papo interessante, a virada de pescoço, o nozinho na barriga dessa vez eh bom.
Eta droga boa essa praia, pais bom essa Espanha e ateh o Brasil tem que levar credito também. To igual ao sargento Getulio, precisava de um fluxo de consciência.

posted by carol de marchi @ 11:06 AM